Dou uma patada no pedal e uma gota e água sai. Hum... Água!
Mais uma patada e mais uma gota, mais uma patada e água.
Saciada!
Passa- se o tempo após uma brincadeira e outra e o sono chega.
Descanso!
Ahhhh!!!!!
Choque!
Saio correndo para o outro canto da jaula, o coração está acelerado. Acalma, acalma, acalma.
Ufa! Passou...
Não deve ter sido nada, um choque e nada mais.
Descanso novamente.
Hora de acordar e vou até o bebedouro, bato no pedal e a gota não sai. Bate, bate, bate, bate, bate.
Nenhuma gota!
Na última tentativa, Choque!!!
Saio correndo e sento.
“O que está havendo com a jaula?”
Horas depois, volto a tentar tomar água e na quarta patada a gota sai. Depois mais quatro patadas e mais uma gota. A cada sequência de patadas mais sede.
Desisto de uma boa dose e vou dormir.
Ao deitar Choque outra vez...
Os dias passam e as coisas continuam estranhas.
Aquilo que há poucos dias atrás era um bom abrigo, confortável passa a ser algo desconhecido. Nunca sei quando levarei outro choque.
A tigela de ração some, tem dias que passo sem comida e sem água, tem dias que tudo o que quero acontece na hora em que quero.
São intermitências insuportáveis.
Vivo no constante desejo e na busca, pedindo água, comida e levo choques, cede e fome.
Quando há o contentamento sinto como algo que em minutos pode acabar e levar dias para voltar.
Muitas vezes depois de comer e beber levo choques, como se fosse uma punição ao prazer.
Não há mais um momento seguro e se chego a imaginar que ele pode voltar...
Beatriz Lopez
2 comentários:
o desamparo de Amparo
aprendido,
grato
Jose
o desamparo de Amparo,
apredido
Jose
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