terça-feira, 18 de agosto de 2009

Se eu fosse um Rato...

No momento da sede a única direção possível é aquele que leva para o bebedouro.
Dou uma patada no pedal e uma gota e água sai. Hum... Água!
Mais uma patada e mais uma gota, mais uma patada e água.
Saciada!
Passa- se o tempo após uma brincadeira e outra e o sono chega.
Descanso!

Ahhhh!!!!!
Choque!
Saio correndo para o outro canto da jaula, o coração está acelerado. Acalma, acalma, acalma.
Ufa! Passou...
Não deve ter sido nada, um choque e nada mais.

Descanso novamente.

Hora de acordar e vou até o bebedouro, bato no pedal e a gota não sai. Bate, bate, bate, bate, bate.
Nenhuma gota!
Na última tentativa, Choque!!!

Saio correndo e sento.
“O que está havendo com a jaula?”
Horas depois, volto a tentar tomar água e na quarta patada a gota sai. Depois mais quatro patadas e mais uma gota. A cada sequência de patadas mais sede.
Desisto de uma boa dose e vou dormir.
Ao deitar Choque outra vez...

Os dias passam e as coisas continuam estranhas.
Aquilo que há poucos dias atrás era um bom abrigo, confortável passa a ser algo desconhecido. Nunca sei quando levarei outro choque.
A tigela de ração some, tem dias que passo sem comida e sem água, tem dias que tudo o que quero acontece na hora em que quero.
São intermitências insuportáveis.

Vivo no constante desejo e na busca, pedindo água, comida e levo choques, cede e fome.
Quando há o contentamento sinto como algo que em minutos pode acabar e levar dias para voltar.
Muitas vezes depois de comer e beber levo choques, como se fosse uma punição ao prazer.
Não há mais um momento seguro e se chego a imaginar que ele pode voltar...

Beatriz Lopez

2 comentários:

jose disse...

o desamparo de Amparo
aprendido,

grato

Jose

José Borges Filho disse...

o desamparo de Amparo,
apredido

Jose