sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Porque parece que ainda me ama...

Porque parece que ainda me ama...
Sinto sua presença na ausência, sinto sua ausência na presença, mas ainda que seja dolorido e que a ferida esteja exposta respiro o amor que aparenta com o olhar e a delicadeza de um toque suave.

Sutil são os detalhes e a transparência desse amor. Vejo na renuncia a vontade de estar perto, e junto a vontade de estar liberto, como se o amor fosse uma jaula, pois que na verdade a jaula somos nos mesmos dentro da escuridão do pesadelo.

A certeza que se leva no coração é tão incerta quanto a verdade.
Temo perder aquele que livre está na vida e aposto que ainda que livre esteja, preso está seu coração. Temo acreditar no amor daquele que tanto diz que me esqueceu. Temo a ilusão a qual vivo cotidianamente. Como esquecer um grande amor?

Quando olho para trás percebo a coleção de perdas, perdas que são reparáveis e outras nem tanto... Agora aumento o conjunto. Perdas entre vida e morte, brigas, desgaste e motivos que não se explica e que não dói.

Hoje presto atenção em porque insistir tanto em alguém que tanto me soca sapos pela guela, mas então lembro que só engolimos aquilo que queremos e que há inúmeras formas de digerir. Lembro também que nada do que se permite é feito por acaso, afinal foi consentido e então o amor se enraivece contra mim.
Lamento porque amo, porque minha pele sente falta, meu corpo grita, minha barriga sente frio, meu coração se despedaça, minha alma sente imensamente a falta e eu junção de tudo luto contra tudo, mas não mais para ter de volta o amor dele e sim para me ter pra mim e agarrar com toda força tudo aquilo que desejo, almejo.

É pena isso que vejo, um homem que junto a mim esteve por algum tempo, mas que não consegue se separar e lutando contra o amor fere tanto aquela que diz ser tão especial. A razão nem sempre é certa, nem mesmo a emoção.
Só quero que venha e esqueça tudo, mas que ao chegar não diga que vai embora e que ao acordar possa olhar em meus olhos com doçura.

Há dois dias chove sem parar e com ela meu coração se aquece de saudade, meu corpo esfria de solidão e o sorriso se esvai como a água de escorre pela calçada.
Não queria desistir, mas como diz Chico Buarque “o tempo passou na janela e só Carolina não viu”.

Beatriz Lopez

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Se eu fosse um Rato...

No momento da sede a única direção possível é aquele que leva para o bebedouro.
Dou uma patada no pedal e uma gota e água sai. Hum... Água!
Mais uma patada e mais uma gota, mais uma patada e água.
Saciada!
Passa- se o tempo após uma brincadeira e outra e o sono chega.
Descanso!

Ahhhh!!!!!
Choque!
Saio correndo para o outro canto da jaula, o coração está acelerado. Acalma, acalma, acalma.
Ufa! Passou...
Não deve ter sido nada, um choque e nada mais.

Descanso novamente.

Hora de acordar e vou até o bebedouro, bato no pedal e a gota não sai. Bate, bate, bate, bate, bate.
Nenhuma gota!
Na última tentativa, Choque!!!

Saio correndo e sento.
“O que está havendo com a jaula?”
Horas depois, volto a tentar tomar água e na quarta patada a gota sai. Depois mais quatro patadas e mais uma gota. A cada sequência de patadas mais sede.
Desisto de uma boa dose e vou dormir.
Ao deitar Choque outra vez...

Os dias passam e as coisas continuam estranhas.
Aquilo que há poucos dias atrás era um bom abrigo, confortável passa a ser algo desconhecido. Nunca sei quando levarei outro choque.
A tigela de ração some, tem dias que passo sem comida e sem água, tem dias que tudo o que quero acontece na hora em que quero.
São intermitências insuportáveis.

Vivo no constante desejo e na busca, pedindo água, comida e levo choques, cede e fome.
Quando há o contentamento sinto como algo que em minutos pode acabar e levar dias para voltar.
Muitas vezes depois de comer e beber levo choques, como se fosse uma punição ao prazer.
Não há mais um momento seguro e se chego a imaginar que ele pode voltar...

Beatriz Lopez

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Para Ele... E para ela

Sinto falta daquilo que é necessário para a sobrevivência. Não se trata de um alimento convencional e sim de alimento da alma.

Desejo ser conquistada, que meus poros se abram pro calor de um amor que preencha a minha alma de alegria, que me leve pras nuvens, que tire meu eixo num toque... Sinto falta daquilo que está em mim mais foi embora.

O vazio que fica dos olhos puxados não me consome mais como naqueles tempos, mas a dor segue profunda em meu peito. Se o desejo vem da falta, o meu desejo não poderia ser maior.

Nessa caminhada, na volta por cima eu me encontro em constante aspiração e amor pela luz do Sol. Sinto-me aquecida e é nele, no sol, que minha alma se perde de amor. É nele que desejo profundamente meus sonhos possíveis e impossíveis, que teorizo as dores da alma e perdôo aquilo que tanto me rói.

O amor que se perdeu... Um grande amor que se perdeu... Com ele vi ir embora as expectativas e então veio a frustração, o medo, o vazio, a saudade, a sensação de derrota.

Hoje tento entender a mim. Sinto em mim o cheiro dos meus vinte anos, sugo as possibilidades de minha alma alegrar-se, sejam nas mãos que pintam cores e flores, na audição que faz dançar os sonhos, ou na saudade que abriga a minha história e esta, que de tão rica ficou marcada na essência do que sou.

Nessa trajetória incerta tenho a convicção que a alegria, assim como a luz do sol, entra pelas frestas das portas fechadas, das janelas trancadas, das cortinas estáticas por falta de vento.

Foi numa dessas frestas que resolvi não lutar contra o amor que sinto e amar quem eu amo, porem me amando primeiro. Foi me amando que resolvi permitir que me amem.

Ainda não abri as portas, mas essas não ficam escancaradas. Hoje olho pela janela e tenho a certeza de que o sol não ofusca as pessoas que sabem olhar para ele.

E por fim, voltando ao inicio, ainda que tenha um Amor não correspondido, tenho a vida que me acena diariamente mostrando os caminhos e as possibilidades. Agora entendo que são inúmeras as coisas deliciosas, como um copo de água num momento de sede. O Ser conquistado é mais um alimento da alma, um doce numa boca aguada.

Hoje eu desejo ser conquistada, que minha alma se aqueça de amor assim como o sol aquece o meu corpo em um dia de frio!

De Beatriz,
para a Vida e para o Sol.

Beatriz Lopez