sexta-feira, 11 de julho de 2008

Anamnese

Não sou dona de promessas para guardar as que me oferecem, escuto as dele, mas soam como mentiras. Nem mesmo sei se pago as minhas, quem diria que ele saldaria as suas próprias?
A comida não digere, pareço com um recém nascido que se não regurgitar pode respirar o próprio vomito e morrer do único alimento que o faz sobreviver. Que me faz sobreviver...
Sobre... Alem... Continuar... Resistir... Respirar.... Escapar, escapar, escapar... Escape, escapou, escapei. Escapei?
Parece que sempre que chego mais e mais perto tudo, absolutamente tudo escorre das minhas mãos como se fosse água!
Escapa como escapam os sonhos... Como se perde o desejo de criança de sonhar... Como se desconhece o que sente de um filho que acaba de nascer...
Não adiantaria gritar, a mãe já cresceu faz tempo, o pai foi embora semana passada - Engraçado parece que foi há anos atrás.
Ontem ele disse que sim, jurou, murmurou amor e tudo se esvai...
Quem disse que é fácil se livrar das palavras? A dedicação à memória pode se tornar o pior afeto no amor, ela ludibria, engana, ilude. Conheço as raízes das lembranças, a intimidade invisível de uma corrente chamada apego.
Olho minhas mãos e não entendo, nem mesmo as vejo, tento sentir o cheiro da água, mas só consigo engasgar. Engasgo com minha própria saliva, engasgo com coaxados, com patas verdes que tentam entrar e sair de dentro da minha boca, garganta, estômago. Pula, pula, pula, pula, pula, pula....
Guardo como se fosse um filho, filho fruto do desespero, efeito de promessas de memórias.
Achava que podia fugir e na realidade me enganei achando que essa palavra fosse sinônimo de desfazer, desprender.
Bem feito, Quem foge de si próprio acaba nas garras escuras do desconhecimento, na manutenção de situações indesejadas.
Acho que fugi de mim mesma, não por acreditar em promessas, mas por não cumprir as que fiz pra mim mesma, prometi até defesa, mas minha guarda esta aberta e minhas feridas expostas.
Nada me deve, nem você, nem ele e nem ela. São só palavras, só reminiscência, anamnese ou pra ser mais suave
Filos.


Beatriz Lopez.

Um comentário:

PaGu disse...

tá na hora de se defender sim, gata...tá na hora de ser mais vc e perder o medo...eu acredito que vc possa...vc acredita?!