quarta-feira, 21 de julho de 2010

Realidade.


Quantos dias estivemos juntos naquele carro preto, cada um ocupando seu lugar habitual. Eu costumo estar ao lado dele, que sempre me busca e me leva.
Antes desse amor nascer já existia um encanto em meus olhos ao ver a copa das arvores de baixo para cima, obviamente se fosse um pássaro a visão seria outra. Como a beleza não se restringe a um ângulo me acostumei a contemplar essa visão.
Quando nos encontramos, passamos a estar sempre juntos e ele me disse um dia “que linda” ou algo assim quando timidamente coloquei minha cabeça em seu colo, o farol esta vermelho e já era noite.
Mostrei que linda eram as folhar, mesmo com a luz da cidade. Escutei aquele sorriso que estava mas para riso de paixão. Estávamos enamorados e a sensação desse sentir se acentuava cada vez mais.
Um dia reparei, outra vez, que da mesma forma como geramos amor nas pessoas, somos capazes de despertar ira. Comparei então ao que já conhecia e acreditava que são os olhos cegos em meio a luz do fim da tarde. Momento esse que esquenta o corpo e é belo, mas engana já que olhamos para a luz e ela nos ofusca.
Acreditei nisso por muito tempo, até pensar que nada nos cega, nós nos cegamos! Isso foi quando ele disse “não vou olhar pra essa luz, por mais fraca, vai me machucar”, então compreendi algo essencial, o limite, a proteção e o respeito.
Um dia voltávamos de qualquer lugar para qualquer outro e perto da praça Panamericana vi aquele monte de arvores, com as folhas lindas e cheias de verdes diferentes reluzindo, era de tarde e então me apropriei do ensinamento e passei a admirar toda luz em cores e vida, toda copa e toda arvore que com sua beleza me fez, e faz, sentir viva, cada vez mais apaixonada por ele e pela vida.
Por fim, em uma tarde ensolarada, ofereci a ele a beleza que aquele dia poderia proporcionar e todas as cores que seus olhos pudessem enxergar.
Quando nos re-conhecemos, antes de ficarmos juntos, pudemos reparar um ao outro e nos conhecer, entender quem somos, eu a ele e ele a mim. Perceber defeitos, qualidades, manias e saber que aquilo que entendemos um do outro é real.
E que bom que na realidade nos apaixonamos.

Bê.Lopez

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